A cachaça é um produto
genuinamente brasileiro descoberto entre 1534 e 1549, durante o processo de
produção do açúcar. Segundo o Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça
(PBDAC), a história da cachaça tem origem nos primeiros anos de colonização
portuguesa.
A cultura da
cana-de-açúcar foi iniciada no Brasil em 1532 e teve grande importância já que
o açúcar se tornava o principal produto de exportação brasileira. Inicialmente,
a cachaça era uma bebida fermentada a partir da espuma que boiava nos tachos
onde o suco da cana era fervido para a fabricação do açúcar. Para purificá-lo,
a espuma era retirada e servida aos animais com o nome de cagaça. A evolução de cagaça para cachaça não
demorou, pois quando recolhida em potes, fermentava ganhando teores alcoólicos.
Em 1572, os alambiques de
cana-de-açúcar já estavam presentes em praticamente todos os engenhos do
Brasil. Com as evoluções do comércio da cachaça, cresciam também as tentativas
de impedir a produção e venda da bebida brasileira. Os holandeses foram expulsos
do Brasil em 1654 e levaram a cultura da cana para as Antilhas, onde o
desenvolvimento deste cultivo produziu outra bebida, destilada a partir do
melaço da cana chamada rum.
Até meados de 1850, a
cachaça foi consumida como símbolo de resistência à dominação colonial,
demonstração de nacionalismo e brasilidade contra as bebidas estrangeiras,
particularmente o vinho e a bagaceira portugueses. A partir de 1850 a
cafeicultura fixou-se como um novo setor social no Brasil, e o poder e fortuna
decorrentes dela substituíram os rudes hábitos rurais, dando preferência a
produtos estrangeiros, com o objetivo de portar-se como europeu.
No decorrer do século XX,
importantes figuras intelectuais destacaram a importância cultural, econômica e
histórica da cachaça para o Brasil, destacando sua presença na literatura, na
música e no folclore do país. Desde então, diversos acontecimentos têm
contribuído para a extinção do preconceito contra a cachaça, como o
reconhecimento da importância da cachaça pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso nas comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil.
Atualmente, a bebida tem
apresentado crescimento no mercado internacional e consolida-se como o terceiro
maior destilado do mundo. No Brasil são mais de cinco mil marcas e 30 mil
empresas caracteristicamente familiares, regionais e, muitas vezes, de pequeno
porte. O volume anual produzido está em torno de 1,3 bilhão de litros, segundo
dados da Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE).
As exportações de cachaça
estão em torno de 15 milhões de litros, apresentam um crescimento médio anual
de 10% e devem fechar a década ultrapassando o volume previsto de 42 milhões de
litros. Comparado à produção, o volume exportado ainda é pequeno, porém, com
grande potencial dado o sucesso da bebida no mundo.
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